*** BUCHARA ***
*** É INSUSTENTAVEL A LEVEZA DO AMOR ***
Textos
                        ESPELHOS DA ALMA...

Querida amiga, antes de você nascer, Nelson Gonçalves já cantava em alto e bom som para os amantes da época: ”Espelhos da minha mágoa, meus olhos são poças d’água, sonhando com seu olhar...”...
Mais tarde, Snow, passada sua adolescência, você se encantou com Vinicius que confessava: “Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar...”...
Menina, você poderia perguntar: “E daí? Onde você está querendo chegar?”...
Eu lhe digo: em lugar nenhum. Só estou querendo deixar bem claro que mesmo que tentemos, a vida inteira, seja por necessidade, preconceito ou timidez, enganar as pessoas, perdemos nosso tempo. Não há como fazê-lo...
Os cientistas afirmam que a última coisa que fica gravada em nosso cérebro na hora em que morremos, é a imagem que vimos antes de cerrarmos, para sempre, nossos olhos. A medicina moderna vale-se de um simples exame de íris para dar um diagnóstico completo sobre nossa saúde. Na América, as agências de segurança, estão adotando o olhar como chave para liberar seus sistemas mais secretos. Enfim, depois de um poeta mais ousado haver dito que “os olhos são os espelhos da alma”, fica mais claro que a verdade sempre estará estampada - (enquanto nossos olhos brilharem) - na nossa cara...
Desta maneira, mulher, não adianta a gente tentar esconder um amor não revelado, um dor que vive em nosso íntimo, um segredo que se quer manter escondido, ou, disfarçar algum mal que acabamos de cometer. É inútil. Não conseguimos. Nunca conseguiremos. Nossos olhos são incapazes de sustentar uma mentira, ou esconder uma verdade, quando desafiados por um outro par de olhos, inquisidoramente...
Não querendo ser prolixo, concluo dizendo que, aquilo que Mário Quintana confessa em “Não Quero” – [“Não quero alguém que morra de amor por mim...”], é, simplesmente, aquilo que ele (Mário) era ou pensava que seria. Talvez até o que desejaria ter sido. E, pode até ser como você, hoje, gostaria que os outros lhe enxergassem, conforme gritou em alto e bom som para todo mundo ouvir: “Isto, sou eu!”...
Como eu sou, como você é, como nós somos – tentar mistificar jogando para o papel, usando o poder das palavras, é, simplesmente, mentir, fugir à realidade. Muitas vezes as pessoas se dizem confusas com nossas atitudes, com nosso jeito de ser, mas, tenha certeza, se elas não nos conhecem, só se confessam assim, depois de terem olhado bem fundo dentro dos nossos olhos, descoberto como nós realmente somos, e, comparado com aquilo que estamos tentando lhes convencer que somos...
Entendeu? Se não, só o tempo irá lhe ensinar. Mas, é só prestar um pouquinho de atenção...
Fique fria. Não se deixe abduzir pelos versos envolventes de um mestre na arte de brincar com as palavras. Quem você é, não pense que só você mesma tem o privilégio de saber. As pessoas são mais espertas do que aparentam ser. Nossos olhos são mais volúveis do que desejaríamos que fossem. Não há como disfarçar nossa personalidade. É como se (ela) estivesse gravada na nossa testa...
Então querida, se realmente desejar ser “autêntica”, não se impressione com o que os outros possam pensar de você. Nem tente, ser aquilo que nunca será. Todos nós viemos para este mundo para sermos felizes. Mas, para isso, não precisamos usar nenhum tipo de máscara...
Olhe as pessoas nos olhos. Continue sendo aquilo que você, naturalmente, é...
A vida é bela sim. Lembre-se do próprio Fernando Pessoa: “Tudo vale a pena...”.
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BUCHARA
Enviado por BUCHARA em 08/03/2007
Alterado em 13/03/2007
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